sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

PRELIMINARES DA PERDIÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)

Atiro ao longe a amargura
Num belo passe
Num minuto de fascinação
Transformo o que era azedo
Na boca quente de um homem são

Impulsiono a ansiedade
Num bom rebote
Num rito de transgressão
Desmonto o que era amargo
No peito másculo de guardar paixão

Lanço ao alto a angústia
Num forte arranque
Num momento de sublimação
Refaço o que era acerbo
Nos braços fartos de um amante bom

Arremesso a agonia
Num cálido saque
Num desejo em ebulição
Converto o que era cítrico
Num antegozo, prenúncio da perdição

DUBIEDADE MASCULINA

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)

Ainda que não lhe fale
E me cale a voz no peito,
O que me faz ser tão disperso,
Peco pelo zelo
Pelo cuidado
Pelo excesso

Ainda que não lhe olhe
E me cegue o olhar aceso,
O que me deixa ser tão perdido,
Peco pelo enlevo
Pelo carinho
Pelo capricho

Ainda que não lhe pegue
E me recuse ao toque teso,
O que me leva a ser tão confuso,
Peco pelo esmero
Pelo agrado
Pelo apuro
De lhe ofertar um prazer de homem,
Que noutro homem emolduro

ACIDENTE POÉTICO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)

Esparramado pelas ruas
Que prometem opções
Deixo fluir meus cantos
Meus sons, meus sonhos tantos

Escancarado pelas avenidas
Que professam amplidões
Permito avançar meus poemas
Minhas palavras, minhas ideias obscenas

Estatelado pelas rodovias
Que predizem uniões
Faço correr meus sentimentos
Meus corações, meus diversos pensamentos

Estupefato pelas vidas
Que ainda serão vividas
Avalizo experiências vívidas
Nas estradas sem curvas frígidas
E nos desvios sem rotas cínicas

terça-feira, 12 de novembro de 2013

DOS MISTÉRIOS DAS ÁGUAS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Das águas que correm
Escorrem sofrimentos
Carregam anseios, desejos
Lânguidos lamentos

Com as águas que fluem
Despoluem tristezas
Limpam ideais, sonhos
Utopias um pouco reais

Nas águas que navegam
Trafegam pedidos
Embalam promessas, juras
Beijos de renascer quimeras

Pelas águas que transportam
Deslizam sentimentos
Resvalam amores, paixões
Desejos de aportar solidões

Água de beber
Água de banhar
Água de deixar o coração navegar

MORATÓRIA

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Solto no vento
Que sacode o pensamento
Procuro a jura, o juramento
A volta do bom momento

Solto no mar
Que chicoteia o corpo
Procuro o fôlego, o resfolegar
A fim de refletir e retornar

Solto na vida
Que machuca a ferida
Procuro o amor, a paixão perdida
Para fazer de mim o senhor da história,
O criador da sobrevida

ELEMENTOS DO AMOR

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Flamejantes
Os caminhos se cruzam
Qual fogueira cigana
Que enrubesce a face
E aquece a cama

Inebriantes
Os destinos se juntam
Feito a água da fonte
Que a sede sacia
E refresca o prazer que te esconde

Exuberantes
Os desejos se encontram
Como o vento nordeste
Que a pele arrepia
E congela no momento em que te despe

Delirantes
Os corpos se fundem
Tal qual horizonte
Que faz da terra, infinita
E revela o amor que não está longe

PONTO FINAL

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Rasgo os espaços
Dos cantos esquecidos
Pelos riscos e rabiscos

Viro as tramelas
Das estradas solitárias
Por lembranças e sombras várias

Trago as passagens
Dos transportes imaginários
Para os sonhos temerários

Leio as chancelas
Das tempestades sentimentais
Perante os choros matinais

Não mais
Nunca mais
Jamais
Sofrerei torturas tão iguais

POR UMA NOVA PRIMAVERA (LAMENTO PARA O AMOR QUE ME ESPERA)

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Soltarei os bichos
Que se escondem em mim
Tremulando a carne
Sem medo do fim
Abrindo as compotas
De guardar meu sim

Gritarei ao mundo
Minhas dores, meus ais
Chacoalhando o sangue
À espera da paz
Dividindo os dotes
Que a vida me traz

Lançarei aos céus
Os lamentos entristecidos
Por uma nova primavera

Encontrarei os véus
Dos suspiros partidos
Pelo amor que me espera

ANUNCIAÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Ainda assustado com o rumo dado
Tento assentar o amor cansado

Arrisco sonhar acordado
Re/inventando um sentido
Re/buscando um motivo
Para o sentimento perdido

Não sei se calo
Ou revelo o fato
Não sei se aperto
Ou disperso o passo

Na busca frenética
Do que era encantado
Não consigo mais ver
Quem está ao meu lado

O tempo de mudar
Faz-se anunciado

VANTAGENS DO AMOR MADURO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)

A paixão saciada
Ecoada, equilibrada
Exprime a candura sem medição errada

A alma completa
Recheada, repleta
Reverbera o amor sem mensagem encoberta

O coração acelerado
Disparado, destemido
Desonera a ternura sem julgamento impreciso

O corpo estendido
Extasiado, exaurido
Explicita o prazer sem duplo sentido

quinta-feira, 27 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Não sei do que serei capaz
Para encontrar a paz
E me fazer tenaz

Não sei se me farei tenaz
Nos lábios loucos
De um bom rapaz

Não sei se mudarei aos poucos
Transformando a vida
Em amor fugaz

Não sei se serei partida
Carregando a mala
Da paixão perdida
No banco de trás

SESSÃO DE ANÁLISE

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Estou calado
Muito mais que o normal

Estou cansado
Mais que maratonista na linha final

Estou triste
Bem mais que obituário em folha de jornal

Estou sozinho
Mais que eremita na meditação matinal

Estou a mais
Atrás e atroz
Maldito e feroz
Tentando distinguir
O eco de minha voz

DEFINIÇÕES DO AMOR

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Amor é o que vai
Que volta
Que não se esconde e empolga

Amor é o que vem
Que retorna
Que não desfaz a sua história

Amor é o que expõe
Que contrapõe
Que define o som
Que o coração compõe

PROMESSAS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Andarei pelos caminhos
Esquecidos de você
Buscando um jeito novo
De fazer por merecer

Voarei pelas entranhas
Pelas vielas de seu ser
Refazendo alguns sonhos
Num novo bem querer

Correrei pelos desvios
Escondidos de você
Procurando nova regra
Na lei de enternecer

Levitarei nas profundezas
Nos becos de seu ser
Remanejando utopias
Num plano de paixão e prazer

Promessas são tentativas
São desejos de acontecer

CORES DO SILÊNCIO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


As noites caladas
Aceleram meu coração
No compasso, na canção
Desfaço meu passo
E o que me dá de emoção

Dispo meu olhar
No verso, no contra verso
Desmonto meu poema
E o que me faz ser tão deserto

As noites caladas
Disparam meu coração
No embalo, na sedução
Desconstruo meu rodopio
E o que me deixa em mutação

Desvio minha voz
Na tinta, na tela limpa
Rabisco minha aquarela
Expressando esta dor que me finda

MOTIVOS PARA TER-TE AO MEU LADO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Falta-me o ar
Ao ver-te esquivar
Ao ver-te dançar
Para lá

Falta-me o pulso
Ao ver-te escapar
Ao ver-te cantar
Pra acolá

Quem sabe desmaie
Ou siga teu rastro
Até o fim do alabastro

Encontra-me o riso
Quiçá um sorriso
Ao ver-te
Rumar por ali

Encontra-me o rumo
Quiçá um resumo
Ao ver-te
Fugir por aqui

Talvez rodopie
Ou te embale nos braços
Antes do fim do repasto

PREVISÃO DO TEMPO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Durante o vendaval
Que se forma no peito
Encontro o defeito
No que era normal

Durante o furacão
Sem dó e respeito
Encontro o mal feito
Na estagnação

O impasse
O choque
A nova decisão

Enquanto há bonança
No espaço do tempo
Partilho o que faço
Planejando o acaso

Enquanto há calmaria
No vácuo desatento
Divido o sentimento
Na noite, ao relento

O estorvo
O embate
O fim da indecisão

JOGO DE SEDUÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


A lua
Cobriu a rua
De escuro véu

A rua
Exibiu-se nua
Encontrando o céu

A nua
Escondeu a pele pura
Na beirada do chapéu

A pura
Atirou-se toda crua
Como libido exposta no papel

A lua
Deitou-se nua
Na rua
Descalçada e pura

PURIFICAÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Ao cair o pano
Mostra-se o corpo
O oposto
O inimigo deposto

Ao tirar a máscara
Mostra-se a face
A verdade
A própria iniqüidade

Ao apontar o dedo
Mostra-se o defeito
O despeito
O infinito espelho

Ao transferir a culpa
Mostra-se a falta
A falha
A injustificável batalha

Escuta-se então, o apelo
O menear da bandeira branca, o segredo
A catarse, na amplidão da metástase

CAUSA E EFEITO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Queria tudo diferente
Do que sempre foi
Um sorriso aberto
Um abraço freqüente

Queria tudo de outro jeito
Do que sempre fiz
Uma paixão displicente
Um amor sem cicatriz

Queria tudo ao inverso
Ao contrário, ao avesso
Nada pra chorar
Pra arrepender
Pra perder

Apenas o efeito
Do que fiz por merecer