quarta-feira, 21 de outubro de 2015

ROMPIMENTO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)

O brilho se foi
Sem olhar para trás
Sem dizer até mais
Sem data para voltar

O brilho se foi
Sem o beijo meu
Sem dizer adeus
Sem motivo para ficar

A cabeça entende e aprova
O coração lamenta e chora


DAS COISAS QUE NÃO QUERO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


No momento não quero nada
Não quero carinho
Não quero afago
Não quero desculpa esfarrapada

No momento não quero nada
Não quero prazer
Não quero namoro
Não quero toalha jogada

No momento não quero nada
Não quero amor
Não quero paixão
Não quero perdão e bela palavra

Neste momento de ingresia
Melhor ficar comigo
E a minha boa companhia 


SOLAR

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Num dia assim o sol se fez
Revelando os prazeres
Exalando calor e exibindo a nudez

Num dia assim o sol se mostrou
Iluminando os contornos
Atingindo em cheio o leito em que estou 

Num dia assim
Azul, límpido, claro
Com o pássaro cantando a música celestial
Exibi os orgasmos
Encontrei o caminho do cio
Ao me fazer vadio


SINFONIA DO ADEUS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Jogarei tuas cinzas ao mar
Carregando todo mal
Todo sofrimento
Toda dor que ainda restar

Jogarei tuas cinzas ao mar
Afastando-me de ti
Deixando-me solto
Parado, sozinho no ar

Infinita é a redoma que me prende
Infinito é o tempo que te faz ausente

DEPOIS DA REJEIÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Partirei ao meio a lua que mingua no céu
Partirei ao meio a comoção de romper o véu
Partirei ao meio o coração estupefato
Descarado
Servido no prato

Partirei
Quando não mais sobrarem lágrimas
Para chorar meu pedido de retorno
Meu rosto
Minha volúpia que tantas vezes
Penetrou seu corpo
Seu gosto
Seu desejo exposto

Partirei ao meio a lua que mingua no céu
Partirei ao meio a solidão de estar ao léu
Partirei ao meio a devoção estampada
Jogada na vala
Descartada 

DO QUE O POEMA É CAPAZ

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


O poema esfaqueia o peito
Perfurando o amor (o esteio)
Sem dó e preconceito

O poema corta o ventre
Rasgando o prazer (inerente)
Como se fora um gozo indecente

O poema se faz armado (agressivo)
Porta-estandarte de um parto urgente

Mais que mudança (ou recomeço)
Muito mais que início (ou fim)
O poema é ponto de partida
Mestre-sala de galantear a vida

OBSTINAÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Mesmo que esteja torta
A ruga que rasga a testa
Que atesta que a vida passa, depressa

Mesmo que esteja fosco
O branco de branquear o pelo
No apelo ao momento efêmero, ligeiro

Mesmo que esteja curva
A silhueta que exibe o corpo
Ao encorpar o segundo solto, derradeiro

Viver é experiência única, é sincronismo
Feito calor de embalar o osso, no frio
Feito escada de encurtar o fosso, no abismo

VESTÍGIOS DA TRANSFORMAÇÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Rasgo a roupa que me veste
E me joga ao alto
E me dá respaldo

Corto a luva que me calça
E me leva à frente
E me faz semente

Descarno o corpo que me acolhe
E me renova a mente
E me refaz a pele quente

Tudo é tão inerente
Que me faz rever o que me pertence
Que me faz querer incessantemente
A rosa plácida de uma transformação urgente


RESSURREIÇÃO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Sairei por aí
A tocar o céu
A rasgar o véu
A beber de sua boca, o mel

Passarei por aí
A cantar pra lua
A dançar na rua
A beijar sua pele nua

Andarei por ai
Bronzeado de sol
Agarrado ao seu lençol
Na penumbra do arrebol

Chegarei por ai
Com cheiro de estrela
Brilhante, faceira
Como amor que renasce,
Após morrer na sexta feira

JOGO LIMPO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Não quero mais de mim
A paixão sofrida
A tristeza contida
A esperança perdida

Não quero mais de ti
A metade do amor
O pedaço do ardor
O fiapo do despudor

Não quero mais nada.
Quero a queda livre
O tiro no escuro
A faca atirada

Não quero a carta marcada

ARREPIOS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Primavera de manhã cinzenta
Vento sul e arrepios
Canto de bem-te-vi

CAÇADA AO AMOR NÃO ENCONTRADO NOS QUESITOS DE UM SAMBA ENREDO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Ando
Tão triste, choroso
Pensando na vida
Querendo encontrar meu amor nesta avenida
Eu vou, desfilando por aí

Sigo
Tão triste, isolado
Escondido da vida
Procurando harmonia ao som da bateria
Estou, criando enredos por aí

Fico
Tão triste, calado
Cansado da vida
Tentando adiar meu amor, a despedida
Por isso sou, mestre-sala por ai

Onde está
O abre-alas desta emoção
O adereço do meu coração
O guardião do pavilhão do amor?

COMO EXALAR SENTIMENTOS


(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Preciso dizer o que sinto
Falar o que penso
Olhar o mundo
Ver o meu coração pelo avesso

Preciso escutar o som
Ouvir o silêncio
Tocar a vida
Pegar o meu amor imenso

Preciso cheirar os aromas
Inalar os odores
Exalar-me
Até cobrir o meu corpo de flores