segunda-feira, 13 de novembro de 2017

DA GESTAÇÃO DO POEMA


Espera, espera, espera
Que o próximo minuto
Não se alonga, é agora

Espera, espera
Que o passar da hora
Não é em vão, não demora

Espera
Que o tempo, escritor da história
Não se apavora

Simplesmente espera
Espera em movimento
Espera sem lamento o infindável momento
Do entrelaçar, de palavra e sentimento




ROMPIMENTO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


O brilho se foi
Sem olhar para trás
Sem dizer até mais
Sem data para voltar

O brilho se foi
Sem o beijo meu
Sem dizer adeus
Sem motivo para ficar

A cabeça entende e aprova
O coração lamenta e chora



PREVISÕES DE ROMPIMENTO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Chorarás
Ao me ver partir
Ao me perder
E me deixar ir

Lamentarás
Ao me ver seguir
Ao me soltar
E não mais voltar

Estranharás
Ao me ver sorrir
Ao me compreender
E me rasgar de rir

Lastimarás
Ao me ver prosseguir
Ao me reencontrar
E nunca mais parar



sexta-feira, 3 de novembro de 2017

DE TUDO QUE É PRECISO OU, ENTRE O BEIJO E O FALO ENRAIZADO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Se fosse preciso
Ofertar-lhe-ia, sem receio
A maciez de um terno beijo

Se fosse importante
Doar-lhe-ia, sem prejuízo
A amabilidade de um sorriso

Se fosse imperativo
Dar-lhe-ia, sem pesar
A calmaria de um olhar

Se fosse indispensável
E estritamente necessário
Faria do meu peito, trovão
Do meu coração, uma flor
E do falo com que lhe escavo
O amor de um homem
Em outro homem enraizado



INVASÃO E SAQUE

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Trancarei teu corpo
No conforto dos meus braços
No consolo do meu colo
No respaldo das noites amorosas

Fixarei teu cheiro
Na amplidão das minhas carnes
Na exatidão das minhas partes
Na veracidade das manhãs sedosas

Marcarei tua pele
Com o bom gosto do meu toque
Com o bom senso do meu beijo
Com o apetite das tardes saborosas

Tomarei então, tua paixão profana
Teu desejo, tua gana
Perceptíveis no ar e palpáveis na cama



LONGITUDE

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Longe é o tempo
Em que tua mão
Para meu corpo era alento

Longe é o lugar
Onde tua boca
Para meu suspiro era mar

Longe é o destino
Em que tua língua
Para meu arrepio era sol
(com um quê de divino)

Longe
Muito mais que um pouco além
Está o desejo irrestrito
De guardar no céu do umbigo
O devasso gosto do teu sorriso





sexta-feira, 22 de setembro de 2017

A DOR, O PARTO E O POEMA

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Pari o poema que me trancava o peito
E me fazia doente
E me dizia impotente

Pari os dizeres que me davam nó
E me viam prostrado
E me ouviam calado

Pari os sentimentos que me doíam
Que me estavam no encalço
Que me deixavam de lado

Com preconceitos e vergonhas    
Extirpados no ato e de fato
O que me salvou
Foi a dor do parto



DOS CAMINHOS DOS SENTIMENTOS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Os caminhos do coração
São fartos
São vastos
São portas sanfonadas de paixão

Os caminhos do bem querer
São dóceis
São móveis
São janelas abertas ao prazer

Os caminhos do desejo
São fáceis
São ágeis
São básculas encantadas de amor e beijo

Sem resquícios de pudor
(Ou paralisantes e gélidos medos)
Os caminhos dos sentimentos são abertos
(São diversos)
Livres de trancas e segredos



DE SENTIDOS E CORPOS ARDENTES


(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


As lágrimas luminescentes
Ricocheteiam
Os sentimentos guardados

O inaudível canto
Que se faz presente
Faz-me ouvinte de fato

O toque e o tato
Espasmos sobressalentes
Sobre meu corpo nu

Esperam tranquilamente
O desenrolar
O desembestar
O desafogar do contato do teu corpo nu
E também ardente



ESTREMECIMENTO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Tateio seu coração cadenciado
Em busca do sentimento perene

Abrigo sua boca úmida
No sabor da minha boca incandescente

Envolvo seu corpo sedento
Nos orgasmos do meu corpo quente

Trêmulos
Tremidos
Trementes
São os momentos de espera
Pelo prazer do amor candente



sexta-feira, 28 de abril de 2017

O QUE VEM DEPOIS DO BEIJO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


O abraço
O beijo

E depois do beijo
Vem o desejo repentino
De lhe roçar a barba ao pé do ouvido
(culpa do seu cheiro masculino)
De lhe pegar com força
De lhe prender nas coxas
De lhe fazer carícias loucas
Até o romper da madrugada afoita



A RAZÃO DOS AFETOS

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


As varas simétricas
De nossos corpos
Desenham retas paralelas
Num ir e vir
De ardentes jogos

Refaço o quadro
Que nos exibe no ato
Que nos mostra de fato

As marcas assimétricas
De nossas ancas
Desenham curvas côncavas
Num vai e vem
De suaves toques

Renovo a cena
Que nos mostra repletos
Que nos exibe completos

Mas não é essa a razão dos afetos? 



PEQUENA HISTÓRIA DA PAIXÃO

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


O coração lateja
E dispara
E desejoso, grita

A cabeça gira
E tonteia
E ansiosa, se agita

O corpo estremece
E suspira
E escaldante, se oferece

A paixão se faz presente
E apavora

Se faz ardente
E não vai embora

Se faz amante
E é quem manda, agora

Quem sabe se faça amor
No decorrer da história...



OPORTUNIDADES DO PRAZER IGUAL

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Profundos
São os sentimentos
Que estão parcos

Reticentes
São os desejos
Que estão vastos

Renascentes
São as memórias
Que se vão de fato

Recorrentes
São as vívidas chances
De um beijo ardente
De uma carícia eminente
De encontrar no outro
O corpo de oferecer prazer igualmente
(Igualitariamente)



VINGANÇA

(Horacio Xavier © Todos os direitos reservados)


Perfurarei os céus
Que refletem os azuis dos universos

Chacoalharei os ventos
Que carregam os pós das terras

Sacudirei as águas
Que lavam os sentimentos dos humanos

Cinicamente, com um leve sorriso nos lábios
Lamberei docemente os dedos
Que se enfiam em minhas feridas
E fazem sangrar minhas dores sortidas