segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

AS NUANCES DO SORRISO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Saboreio seu sorriso de desejo
Ao me beijar os lábios
As orelhas
O pescoço teso

Toco seu sorriso de cobiça
Ao me beijar os braços
O colo
O peito que se eriça

Vejo seu sorriso de alegria
Ao me beijar o abdômen
As ancas
As pernas de enlaçar ousadia

Sinto seu sorriso de euforia
Ao me beijar a nuca
As costas
A cintura de exibir curva esguia

Ouço seu sorriso de prazer
Ao infiltrar-se inteiro
Ao me ofertar seu cheiro
Seu ardor
Sua semente de brotar amor



DAS FUNÇÕES DA PALAVRA

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


A palavra que me traz alento
É aquela que me rasga por dentro
É a que me traduz

A palavra que me oferece melhora
É aquela que me explode por fora
É a que me seduz

A palavra que me faz feliz
É aquela que me reconstrói e prediz
É a que me reluz

A palavra que me importa
É aquela que me amarrota
Que não se esconde atrás da porta
É a que se mostra e se introduz



TEMPESTADE EM COPO D’ÁGUA

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Esse vento que me quebra
Que me rasga ao meio
Que me faz parecer
Sei lá o quê

Esse vento que me degola
Que me corta acima
Que me faz merecer
Sei lá por quê

Esse vento que me perfura
Que me esfaqueia os lados
Que me faz tremer
Sei lá de quê

Esse vento que me tortura
Que me arranca abaixo
Que me faz ceder
Sei lá pra quê

É um vento taciturno
Que me dobra o orgulho
Que me faz incapaz
Por querer que seja mais
Que um simples vento noturno



AS COISAS QUE NÃO QUERO

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


De mim não quero mais
O desejo calado
O choro abafado
O fascínio deixado de lado

De ti não quero mais
O encanto sem obscenidade
A atração que não arde
O estilhaço de qualquer parte

Não quero jamais
A paz sem prazer
O amor sem querer
Uma amostra do que era pra ser

Quero
Inteiramente
Tudo que me pertencer


OLHARES VAZIOS

(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Seu olhar
Que não mais me vê
Deixa-me tonto
Na ausência de bem querer

Este olhar
Que não mais me admira
Torna-me louco
Na experiência mal vivida

Deste olhar
Que não mais me incita
Vejo-me esquecido
No soar da palavra partida

Neste olhar
Que não mais me perturba
Perco-me choroso
No chacoalhar da lágrima turva

Com os olhares roubados de mim
Vão-se os sonhos, os anseios sem fim
Por um olhar macio, feito textura de cetim



Para os que fazem dos olhos, extensão do que vai na alma...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Para que a maturidade não vire inércia...

QUANDO O AMOR AMADURECE
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


O aconchego do abraço aquecido
Denota a simplicidade
Do prazer permitido

A candura do beijo vadio
Exprime a suavidade
A pureza e o cio

A doçura do toque macio
Traduz a felicidade
A beleza e o arrepio

O ressonar do corpo estendido
Revela a saciedade
A madureza e o brio,
Do amor, atiçador do desvario

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A sensibilidade se manifesta de várias formas...

Outro dia, num ensaio do Vozes da Vila, Andra Valladares me saiu com esta pérola, após terminarmos mais uma composição: "...nossa, até minha pele depilada, arrepiou!".
O que inspirou-me estes dizeres:

TUDO QUE ARREPIA
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Vejo passar
Um raio no céu
Ouço cair
A onda no mar

Vejo voar
Uma beleza ao léu
Ouço soprar
O vento de amar

Ouço entreabrir
As barreiras do prazer
Vejo dançar
Uns desejos de atrair

Ouço chacoalhar
Os desvarios de atrever
Vejo acenar
Umas gotas de apalpar

Vejo tanta imagem bela
Ouço tanto som luzidio
Que até minha pele depilada
Atreveu-se a um arrepio

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Por saber que o prazer traz felicidade...



ENTRE LUZES E PRAZERES DIUTURNOS
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


O mel que escorre de ti
Água-me a boca sedenta
Noite à dentro de mim

O calor que emana de mim
Eriça-te o pelo trêmulo
Madrugada a fora de ti

O cheiro que exala de ti
Tonteia-me o desejo pungente
Na aurora boreal de mim

O suor que evapora de mim
Respinga-te a pele dengosa
No sol a pino de ti

O suspiro que arranco de ti
Suspira-me de prazer atroz
No ocaso, lusco-fusco de nós
Nada me calará...



AO CARRASCO DA GUILHOTINA
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Ainda que arranquem
As flores do meu coração
E do músculo retorcido
Sobre unicamente solidão...
Mesmo que expulsem
Os aromas das minhas mãos
E do osso alquebrado
Reste apenas silêncios vãos...

Ainda que esfacelem
As melodias dos meus pés
E da carne decepada
Fique somente a tristeza de viés...
Mesmo que extraiam
Os sonhos do meu cérebro
E do sangue esguichado
Tenha ainda um pouco de medo épico...

Não verterei lágrima
Não pedirei socorro
Ao carrasco da guilhotina plácida
Direi palavras de consolo

Somos seres de acostumar...



FASES DA TRANSIÇÃO
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Das brisas
Que jorram flores
O gemido de prazer
Desvenda pudores

Dos ventos
Que trazem sorte
O arrepio de amor
Traz um alento forte

Das ventanias
Que espalham dores
O abraço de aquecer
Libera calores

Dos furacões
Que arrancam ninhos
Os corpos misturados
São os olhos dos redemoinhos
Como resolvo meus problemas...


DE PROBLEMA A POEMA
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)


Quando do todo
Não me sobra nada
E a chegada
Dói mais que a partida
Quando de tudo
Só me fica um pouco
E o sorriso
Não sufoca o choro

Não esmoreço
Rio do problema
Rio com gosto
Até virar poema

Quando me batem
Passo a mão no rosto
Seco o suor
Sem revidar o soco
Quando eu quero
Arrebento o couro
Uso a palavra
Faço escoadouro

Não me amedronto
Resolvo o problema
Resolvo tudo
Ao som do poema

terça-feira, 8 de maio de 2012

Para que toda diversidade possa ser respeitada, sempre...

DIVERSO
(Horacio Xavier - © Todos os direitos reservados)

Busco a razão do espaço
No encaixe do seu abraço

Procuro a opção do prazer
No arremeter do seu beijo

Exijo o direito de amar
No embrenhar de sua espada

Aprimoro o jeito certo
De empunhar o cedro
De penetrar a gruta oferecida
De não querer saída
De me manter inteiro
Ao expelir meu sumo, que é vida